3.9.13

- Qual você acha que é, hoje em dia, nesse mundo, a função da literatura, a função da arte?

- A verdade é que é muito difícil dar uma resposta que não soe pedante ou arrogante. Ou que não pareça que a gente atribui aos artistas uma função privilegiada no mundo. Como se Deus nos beijou no berço e nos escolheu para salvar os demais. Não creio nisso para nada. Não creio em nenhum tipo de aristocracia, nem na do talento, ainda mais quando a aristocracia do talento é auto-eleita. Porque somos nós, os literatos, os artistas em geral, que no zoológico humano habitamos a jaula dos pavões. Então ficamos continuamente nos cumprimentando por sermos bonitos e inteligentíssimos que somos. E com isso eu não concordo.

Creio que o exercício da solidariedade, quando se pratica de verdade, no dia-a-dia, é também um exercício de humildade que ensina você a se reconhecer nos outros e a reconhecer a grandeza escondida nas coisas pequeninas. O que implica também denunciar a falsa grandeza das coisas grandinhas, em um mundo que confunde grandeza com grandinho. Faz pouco tempo, em uma entrevista que me fizeram em Madri, um jornalista me falou: "Lendo seus livros sinto que você tem um olho no microscópio e outro olho no telescópio". E me pareceu uma boa definição, pelo menos das minhas intenções, do que eu gostaria de ser escrevendo. 

Ser capaz de olhar o que não se olha, mas que merece ser olhado, as pequenas, as minúsculas coisas da gente anônima, da gente que os intelectuais costumam desprezar. Esse micro-mundo onde eu acredito que se alimenta de verdade a grandeza do universo... e ao mesmo tempo ser capaz de contemplar o universo através do buraco da fechadura. Ou seja, a partir das pequenas coisas ser capaz de olhar as coisas que são maiores, os grandes mistérios da vida, o mistério da dor humana, mas também o mistério da persistência humana, esta mania, às vezes inexplicável de lutar por um mundo que seja a casa de todos e não a casa de pouquinhos e o inferno da maioria e outras coisas mais. A capacidade de beleza, a capacidade de formosura da gente mais simples, às vezes da gente mais singela, que tem uma insólita capacidade de formosura que, às vezes, se manifesta em uma canção, em um grafite, em uma conversa qualquer.

- Retirado de: otravezagain.

2.8.13

Joseph Kosuth



_Como o senhor vê a atual força do mercado de arte?
Sempre fomos informados e até guiados por uma história de ideias na arte. Mas, há cerca de 15 anos, emergiu uma história do mercado de arte. Ela fala de estrelas, com base em recordes de vendas. Para novos colecionadores que não entendem de arte e para a massa que vende, compra e investe em arte, é um caminho fácil e rápido de estabelecer o que é de “qualidade”. É um guia pobre, não diz nada sobre arte em si. Não há distinção entre um artista na moda e que, portanto, vende muito, e um artista com contribuições artísticas históricas, cujo trabalho tem preços mais modestos. Frequentemente, o preço alto é só o efeito a curto prazo de um escândalo eficaz. Para aumentar a confusão, a maioria dos artistas está em ambas as histórias. Não está claro o que a História vai dizer sobre as estrelas dessa segunda história, quando o glamour do mercado passar e só restar a arte para ser avaliada.

_Nesse contexto, qual é a função do artista?
Num cenário guiado pelo mercado, engajamento cultural é expressado em termos econômicos. Mas isso não significa que o sentido do trabalho deve ser peça de apoio da cultura corporativa. O importante é entender que as pessoas com poder na nossa sociedade são comprometidas com objetivos a curto prazo: a pessoa de negócios no fim do dia deve mostrar lucro, um político deve encontrar uma forma de manter seu poder. O artista, o escritor, o filósofo não se aposentam. Tais profissões não são um trabalho — são um chamado. E a cultura que estão no papel de criar é a longo prazo. Eles são como fibras longas que dão força ao tecido social.

Entrevista inteira.

1.8.13

Leonilson

28.7.13

meu jeito
sem jeito

25.7.13

meu jeito num tem jeito

22.7.13

m u i t o  p r a z e r , Leonilson

4.7.13

25.6.13





24.6.13

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Motos e fuscas avançam
Os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais...

Queria querer gritar
Setecentas mil vezes
Como são lindos
Como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais...

Será que nunca faremos
Senão confirmar
A incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que esta
Minha estúpida retórica
Terá que soar
Terá que se ouvir
Por mais zil anos...

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Índios e padres e bichas
Negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval...

Queria querer cantar
Afinado com eles
Silenciar em respeito
Ao seu transe num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau...

Ou então cada paisano
E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais
Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais...

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais...

Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo
Indo e mais fundo
Tins e bens e tais...

Será que nunca faremos
Senão confirmar
Na incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que essa
Minha estúpida retórica
Terá que soar
Terá que se ouvir
Por mais zil anos...

Ou então cada paisano
E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais...

Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais...

Enquanto os homens
Exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais
Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo...

Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!

Podres Poderes by Caetano Veloso on Grooveshark

17.6.13







                    










12.6.13


11.6.13

o         s e n t i m e n t o  não tem nome,
qualquer coisa que passe a linha entre o dito e o não dito,
é razão.

4.6.13

Abramović


Marina

28.5.13

16.5.13

As vezes me s u r p r e e n d e como a vida te preenche,
te completa,
f i o   a   f i o,
pedaço a pedaço,

expansão do tempo por pura abertura do acaso inesperado.

8.5.13

2.4.13

nunca tenha o rabo preso.... se não voce acaba.
Itamar Assumpção

21.3.13

Fogo eterno prá afugentar
O inferno prá outro lugar
Fogo eterno prá consumir
O inferno, fora daqui

Palco by Gilberto Gil on Grooveshark
Senta, se acomoda
À vontade, tá em casa
Toma um copo, dá um tempo
Que a tristeza vai passar
Deixa, prá amanhã
Tem muito tempo
O que vale
É o sentimento
E o amor que a gente
Tem no coração


8.3.13

LINGUA

Quanto mais falo maior fica minha lingua.
Corto a lingua, sempre que tento corrigir a idéia mal falada.
Mas a hidra dobra de cabeças, saindo de minha boca, umedecendo os fios da minha barba com visco, nublando a beleza. Colando minhas palpebras cansadas.
A lingua serpenteia e se ensrosca no meu próprio pescoço. Na medida que grita a flor da garganta, a lingua aperta....
e aperta.

13.2.13

3.2.13

Girls & Boys by Blur on Grooveshark


Garotas que querem garotos
que gostam de garotos para ser garotas
que pegam garotos como se fossem garotas
que pegam garotas como se fossem garotos
Sempre tem que ser alguem que você realmente ama

8.1.13

destras e sinistras

na epoca q eu marcava minha carne com frequencia, tinha uma pira com as destras e as sinistras, pensava em motivos pro desenho ser de um lado e não de outro. mil significados. o tempo passou e os significados desbotaram. esses dias um querido me perguntou oq eram meus desenhos e vi q não sabia mais contar, explicar. o unico registro que me ficou é q são desenhos-lugares, alianças/troféus.

muito pobres & felizes para sempre